(continuação de “dois centros, uma ierdependência”)
Pratica-se hoje, mais do que nunca, a prática do isolamento e da separação, não se compreende mais o todo íntegro, complexo e funcional, como o mecanismo de um relógio que precisa de todas as grandes e pequenas partes. O Homem é um ser biológico que está incorporado na natureza e no meio ambiente, assim como todos os outros animais e seres vivos. A Teoria de Gaia de Lovelock afirma que a Terra é um superorganismo vivo e que nela todos os elementos, incluindo a composição físico-química dos solos e dos ares, as rochas, as plantas, as águas, os oceanos, a atmosfera, os microorganismos e os seres humanos, interexistem e coexistem. Como seres vivos deste planeta, dependemos completamente da biosfera terrestre.
A identidade biológica é uma identidade tanto do homem quanto da cidade, cuidar de casa, fazer com que ela dure, que ela seja bela e harmoniosa para que nós possamos continuar fazendo dela uma continuação de nossas atitudes e hábitos é uma tarefa que fazemos facilmente todos os dias, não há razão para acharmos que o planeta sobreviva sem nossa ajuda.É uma questão de justiça e restituição, pois a Terra e o Universo se organizam para fornecer vida a todos os seres vivos, atraves de suas propriedades naturais, que sem elas não somos capazes de viver.Chegou a hora de nos organizarmos para fornecer o restituir a vida para a Terra.
O Rio Pirajussara e seus córregos continuam rodando com água morta, depósito de lixo e de tudo o que o ser humano cria de destrutivo, para isso mudar a população de seu entorno deve recuperar a identidade de ecossistema, em que há um total interação entre a população e ao lugar em que vivem, que pertence ao geoespaço e a natureza.A ida para Capão Redondo é formada por uma vista de morros e montanhas completamente cinza, a presença do verde é praticamente nula.Será que a necessidade extrema capacita e justifica o ser humano a “pavimentar o paraíso”[1]?Não, pois o domínio da necessidade é rompido quando nos comprometemos a inscrever no espaço que vivemos nossos valores e nosso cuidado.
Apenas assim podemos assumir a identidade terrena; somos seres do Mundo, sustentados pelo Mundo e pelos seres vivos que aqui habitam, nada pode modificar essa condição, nem mesmo a mais forte necessidade.
[1] N. do A. Letra de uma famosa canção de 1970 da cantora/compositora Joni Mitchell intitulada Big Yellow Taxi.