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Posts Tagged ‘contracultura’

(O blog passa por uma crise estética que logo será resolvida)

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Por Silas Grecco

Um dia pude comparecer num evento de contracultura, com muita música alternativa, naquela noite percebi diversos estereótipos anulados pela sociedade convencional e eu era somente um não-sei-o-quê ali, naquilo que mais parecia o encontro estadual dos deslocados sociais. Mas fora dali, na sociedade convencional, não sabia ao certo se eu era realmente alguma coisa, alguém suficientemente conectado à ela, na verdade não tinha segurança nenhuma nela. Lembrei-me que antes de chegar a idade adulta percebi diversas vezes a necessidade de status, títulos, uma estrutura de vida medida pela possibilidade de contar proezas a respeito de tudo, seja da esposa ou do marido que ensacou, do emprego, da faculdade e das conquistas acadêmicas…

Alguns anos depois, descobri um dom talvez muito psicanalítico ou talvez muito preconceituoso, embora infalível, em que toda vez que conhecia uma pessoa nessas falsas estruturas de modéstias proezas, não conseguia deixar de assimilar um impostor e assim se decorre até hoje. Nunca me imaginei fora dessa sociedade cheia de impostores que ocupam todas as posições imagináveis e estão por todos os lugares tentando dar sentido a vida vazia deles, por meio de suas conquistas materiais, idealizando uma felicidade composta de sensações, não de sentimentos. Sentir é um dos únicos luxos que esses impostores não podem se dar, imitam é claro, como tudo o que fazem, mas sentir verdadeiramente o mundo os faz beirar uma potencial crise existencial.

Quando entram nessa crise existencial, tentam sair dela por meio de caridade, de novas conquistas, blasonar sobre a vida de maneira poética, para dar a impressão de um sentimentalismo belo que não passa de uma vaidade afetada implorando pelo orgulho alheio para voltar a sentir-se participante da sociedade. Só assim dessa crise por meio de um mantra da mentira, quando dito muitas vezes logo você mesmo acredita nele.

Quando percebi esse dom em mim, percebi junto que corria um grave perigo de ser expulso dessa sociedade já que não queria ocupar o espaço dos grandes gênios que estudaram e estudam a composição da sociedade moderna e assim acabam sendo aceitos pelos intelectuais, é o mesmo que ver ver o Michael Moore ganhando o prêmio mais norte-americano que existe, o Oscar. Até os que diagnosticam os problemas indecentes da sociedade conseguem espaço.

Que espaço tinha eu? Se sempre fui um aficionado pela Ética verdadeira, aquela que segue pelos devaneios irregulares da identidade humana e briga por parceiros amorosos, como Platão, junto com professores que epenas os usam para afirmar a vaidade de sua sabedoria. Eu até poderia achar alguns espaços para mim, mas não livre desses Zumbis da Vaidade.

Mas recentemente fiz uma descoberta, não queria fazer parte da sociedade de contracultura e nem da sociedade convencional, e também não era uma crise existencial minha, era falta de assumir o que estava acontecendo. Me conhecendo bem, noto que sempre que fico muito apaixonado, eu libero inconscientemente um sistema de auto-boicote que estraga tudo, minha sorte é que esse sistema possui alguns defeitos e consigo evitar algumas auto-flagelações. A descoberta foi que eu queria que essa mesma sociedade se apaixonasse por mim, por minhas virtudes de verdade, de modo que eu os desse de beber do cálice da salvação, mostrar que poderiam aceitar as verdades da identidade humana nos outros e em si. Como um vivo no cemitério e tentando com todas as forças levar a pouca vida que possui para os mortos.

Não me considero o único, mas não busco rotular-me num específico ciclo de pessoas como eu, apenas quero levar, junto com tantos outros, o simples e eficaz antídoto para essa sociedade de zumbis: A verdade. Parece-me uma missão suicida a qual me dedicarei a vida toda.

Corro perigo, zumbis me cercam.

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